Como foi o 2º Congresso Internacional de Educação e Espiritualidade e 5º Congresso Brasileiro de Pedagogia Espírita
Estive neste evento e resolvi escrever minhas impressões sobre ele, falando sobre cada dia do evento.
Em linhas gerais, houve palestras,
debates, arte e lançamentos de livros. Como teve atividades simultâneas
em alguns momentos, falarei somente do que presenciei. Peço desculpas
por aqueles que apresentaram trabalhos no evento, pois acabei perdendo
praticamente todas estas apresentações.
Quinta-feira (17/04/2014)
O debate dos grupos de pesquisa sobre o
tema educação e espiritualidade foram muito interessantes. Esse tema
ainda tem um caráter marginal, mas a existência de grupos específicos em
diferentes universidades pelo país nos mostra que além do interesse, há
muitas pessoas trabalhando essa questão.
A exibição do filme de um trecho do filme Quando sinto que já sei foi seguido por um frutífero debate. Quando houver o lançamento não perca a oportunidade de assistir.
A apresentação da Orquestra Solistas Capemisa,
sobre regência de Laércio Sinhorelli, com o programa composto por peças
de Bach, Vivaldi e Albioni foi muita boa. Seguido do lançamento de uma
obra sobre Bach para crianças.
Em seguida teve a peça Gandhi, um líder
servidor de João Signorelli, a qual foi muito bem conduzida por além de
falar palavras de Gandhi, a interpretação do ator levou a todos a sentir
Gandhi.
Ela fora seguida pela palestra de Edward
Brantmeier abordando os ensinamentos de Gandhi para uma educação
multicultural para a Paz, no qual a articulação de ideias de Gandhi com o
pensamento de Paulo Freire para evitar essa educação foi inspirador.
Terminando o dia com Dora Incontri
articulando as ideias presentes no evento firmando a necessidade da
educação propiciar uma transformação do mundo tendo na espiritualidade a
possibilidade de transcendência.
Sexta-feira (18/04/2014)
O evento começou com um culto ecumênico unindo representantes do espiritismo, umbanda e candomblé, catolicismo e muçulmano.
Em seguida, uma mesa apresentou as ideias
educacionais de Comenius. Jaroslav Pánek apresentou sua biografia e
obra, entregando a medália Comenius a Dora Incontri pela divulgação de
Comenius em nosso país. Thiago Borges Aguiar apresentou precursores de
Comenius utilizando do mote “Cristãos que não precisam de muitas leis num mundo que precisa de reformas”
como eixo. Luis Augusto Beraldi Colombo apresentou uma síntese das
obras de Comenius articulando com o contemporâneo. Wojciech Kulezca
articulou a obra de Comenius com Paulo Freire, mostrando que Comenius já
foi muito elogiado em nosso país, mas pouco estudado. Paulo Freire
esteve bem presente no evento…
Houve o primeiro lançamento da obra Pampaedia de Comenius no Brasil, editando uma tradução feita em Portugal.
Na mesa “Grande educadores, grandes inspirações”,
Priscila Grigoleto Nacarato apresentou o pensamento de Jean-Jacques
Rousseau, Dora Incontri o de Erich Pestalozzi e Jonas Bach Junior uma
articulação entre Paulo Freire e Rudolf Steiner. Fora inspirador todas
estas apresentações.
Infelizmente, cheguei atrasado para ver a
palestra completa da educadora Njoki Wane, mas o que escutei da maneira
de falar de espiritualidade aos alunos a partir das vivências através
do olhar ao outro foi incrível.
A mesa “Educação e Espiritualidade a Universidade”
teve Ferdinand Röhr, apresentando suas experiências e a maneira como
articula a relação da dimensão espiritual do humano com suas demais
dimensões como meio de tornar possível sua discussão em meio
universitário; e Regis de Morais, propondo que esse tema tornou-se
possível graças a cientistas que não tiveram medo de declarar sua
espiritualidade, obrigando a universidade a permiti-la em seus meandros,
mesmo que discretamente.
Na mesa “O resgate da espiritualidade a educação: caminhos plurais”,
contou com Sérgio Rogério Azevedo Junqueira mostrando como o livro
didático tem sido utilizado para a abordagem desse tema nas escolas;
André Andrade Pereira apresentou elementos do pensamento oriental; e
Frei Volney José Berkenbrock apresentando o que seria a pedagogia de
Francisco de Assis no encontro com o outro, no sentido de outra
religião, como meio do aprendizado espiritual.
Sábado (19/04/2014)
O dia começou com danças circulares, o que foi muito bom.
Na mesa “Documentando experiências de educação”, Gérman Doin falou sobre seu filme “La Educación Prohibida”; Antônio Sagrado Lovato e Raul Perez falou sobre “Quando sinto que já sei” e André Gravtá sobre seu livro “Volta ao mundo em 13 escolas”. Em seguida foi feito uma dinâmica bem interessante. Vale a pena conhecer os filmes e o livro.
Em seguida, Dora Incontri e sua equipe apresentou o projeto Pampédia; Cesar Reis o Lar Fabiano de Cristo e Amélia Carlos Cazalma a obra da incrível “Sociedade Espírita Allan Kardec de Angola”.
Fora comovente o entusiasmo das apresentações e grandeza das obras que
estão realizando. Em nossa época, ver o que de bom e transformador é
feito em nosso mundo hoje é revigorante.
Logo após o almoço, vi a fala bem
realizada de Renato Andrioli fazendo um histórico sobre a
tanatapedagogia e sua importância; e Rita Foelker apresentando sua obra “Famílias espiritualmente inteligentes”, que me trouxe vontade de lê-la.
Em seguida, a mesa “Experiências de educação transformadora” teve María Gabriela Albuja e José María Vacacela que além de pessoas adoráveis mostraram sua incrível obra: “Comunidade Educativa Experimental Inka-Samana”,
a qual valoriza sua cultura local educando com liberdade, sendo
transformadora por ser mais que uma escola, mas uma verdadeira
comunidade. Em seguida, José Pacheco, conhecido pela Escola da Ponte e o
Projeto Âncora, apresentou usas ideias e práticas educativas com muito
bom humor e profundidade, abrindo logo para perguntas que encaminharam
sua fala.
Estas pessoas que compuseram as duas
mesas abordadas serão muito estudadas no futuro com certeza como grandes
realizadores da história da educação, porém, tivemos a oportunidade de
aprender um pouco com eles neste dia histórico. Isso nos mostra que
podemos realizar hoje transformações no mundo. São esquecidos da grande
mídia, mas lembrados pelas crianças e pessoas com as quais trabalham.
Pessoas iluminadas no mais puro sentido da palavra.
Em seguida, deu-se continuidade com
Helena Singer falando de experiências educacionais, Esméria Rovai
falando sobre os Ginásios Educacionais.
Ao final, fora apresentado o Manifesto pela Educação.
Domingo (20/04/2014)
O dia começou com Alessandro Bigheto
falando de Eurípedes Barsanulfo; Samantha Lodi sobre Anália Franco;
Cleber Novelino falando sobre pais, Tomás Novelino e Maria Aparecida
Rebêlo Novelino; e Rogério Cardoso sobre Ney Lobo. Todos foram
extremamente precisos e profundos em suas palavras, mas exalaram
profundos sentimentos por estes incríveis educadores espíritas,
importantes esquecidos na história da educação brasileira. Destes,
Anália Franco é até reconhecida, mas pouco estudada… O bom que o
Alessandro e a Samantha publicaram livros sobre Anália Franco e
Eurípedes Barsanulfo, que necessitam ser lidos; Rogério Cardoso está
escrevendo uma tese sobre Ney Lobo, que espero que seja publicada
futuramente. Só falta alguém escrever sobre o casal Novelino…
Em seguida, uma homenagem ao centenário
de José Herculano Pires. Dora Incontri apresentou a inestimável
contribuição de Herculano ao propor o conceito de pedagogia espírita;
Alessandro Bigheto abordou o pensamento de Herculano e suas relações com
o socialismo; Alysson Mascaro tratou da relação de Herculano com a
filosofia, abordando o fato de Herculano ser exaltado em meio espírita e
pouco lido, ainda propondo que se fosse mais lido provavelmente seria
ainda mais incompreendido e, quiça, sacrificado; Franklin Santana Santos
mostrou sua intensa produção a partir da obra “Educação para a Morte”, ao final usando de vídeos para sensibilizar a todos sobre o tema.
Após o almoço, perdi a fala da amiga
Patrícia Pederiva, que logo resenharei um livro de sua autoria sobre
música; apreciei o final da fala da Danielle Morais Feitosa sobre os
desafios do professor de ensino religioso; e consegui assistir a
estimulante apresentação de Luísa Módena Dutra sobre Erioch Fromm, me
despertando com vontade de lê-lo…
Em seguida, Alysson Mascaro tratou do “Pensamento social espírita”.
De maneira provocadora, Alysson tratou da diferença entre os espíritas,
que tendem a serem conservadores, e o espiritismo que tem um pensamento
progressista ao colocar em nossas mãos o papel de transformação do
mundo. Tratou de como utilizamos vocabulários racistas e machistas em
nosso cotidiano e lembrou que Jesus nasceu entre os desfavorecidos de
seu tempo e foi com estes, principalmente, que andou e pregou…
Eduardo Valério continuou a discussão
falando dos Direitos Humanos, tanto trazendo seu histórico como seu
significado em nossos dias articulando com pensamento espírita. Com um
enfoque um pouco diferente da fala anterior, também trouxe a necessidade
de cada um de nós agirmos para a plena implantação de um mundo mais
justo e tudo.
As duas falas mostram como o ser espírita
implica em transformar-se, mas também buscando transformar as condições
do mundo. Constantemente precisamos lembrar-nos da necessidade de ser
espíritas não somente dentro das casas, mas agirmos no mundo. Em tempos
em que há perigosos discursos propondo que espíritas somente cuidem da
própria transformação moral…
A vida do anarquista espírita Maurice
Lachâtre, amigo de Kardec, foi apresentado pelo pesquisador francês
François Gaudin, com tradução de Dora Incontri. Mostrou documentos sobre
a relação de Lachâtre com Kardec, os quais abriram um banco popular
juntos… Foi muito bom ver a história desde esquecido espírita que também
fez o possível para transformação da França, fazendo uma comuna antes
da histórica Comuna de Paris…
Dora Incontri e Alessandro Bigheto iriam
fazer uma apresentação sobre espiritismo, anarquismo e socialismo,
porém, devido ao adiantar da hora e o cansaço da organizadora do evento,
preferiram fazer um debate com o público, juntos com Alysson Mascaro,
François Gaudin e Eduardo Valério sobre os temas abordados. Infelizmente
eu perdi o debate… No dia anterior, conversei com a Dora Incontri, pois
estava tão maravilhado com o que estava sendo apresentado que fiquei
com muita vontade de tocar, então fiquei ensaiando para o encerramento.
No encerramento, Dora Incontri leu um
poema que fez e chamou toda a equipe que trabalhou muito para realização
do evento para ser merecidamente homenageada pelo público. Toquei duas
músicas, mas nunca fico satisfeito com minha própria performance…
Conclusão
O evento foi muito bom e trouxe grande
material para reflexão por equilibrar teorias, experiências históricas e
experiências realizadas hoje, que nos mostram a possibilidade de
contribuir com o mundo que temos, mesmo com todas as dificuldades que
este apresenta. Agradeço a tudo que os palestrantes trouxeram.
A organização do evento foi muito feliz
em sua escolha e toda a equipe que trabalhou foi maravilhosa. Houve
dificuldades, entretanto, eles enfrentaram com muita dedicação e
carinho. Todos com um sorriso, muita gentileza e profunda alegria que
tocou a todos que participaram. Afinal, eles envolveram com palavras,
ações e uma profunda vibração espiritual que abrilhantou o evento. Meus
parabéns a toda essa equipe maravilhosa que tem ajudado as ações da Dora
Incontri.
Parece-me que o evento foi filmado e será lançado DVDs posteriormente e digo que vale a pena ir atrás destes quando saírem…
Informações sobre o evento
Fotos oficiais do evento: https://www.facebook.com/media/set/?set=a.854129534604161.1073741835.763715430312239&type=1 (os no texto são minhas tentativas de fotógrafo…)
Site do evento: http://www.educacaoespiritualidade.com
Site da ABPE: http://pedagogiaespirita.org.br/
© 2014 Tiago de Lima Castro
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